quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Dia Mundial da Doença de Alzheimer

Ontem foi Dia Mundial da Doença de Alzheimer. Um dia para tentarmos entender o sofrimento dos portadores da doença, seus familiares e seus amigos. Começa com pequenos lapsos de memória e acaba levando o seu portador a ficar completamente desligado da realidade, tornando-o completamente dependente de cuidados.

O quadro se torna mais preocupante com a divulgação de um estudo mostrando que o Brasil possui um dos povos que menos se preocupa com a velhice. Até mesmo por uma questão cultural, o levantamento mostra que o brasileiro não se prepara financeiramente para enfrentar a terceira idade e, mesmo assim, alimenta uma boa expectativa para sua vida idosa. Outro ponto observado foi o fato de que acreditamos que nossas famílias devem cuidar de nós e, em compensação, não esperamos muito do Estado.

Nesse quadro, o idoso portador de Alzheimer não sofre sozinho, alterando profundamente sua estrutura familiar. Apesar de ainda não possuir nenhum tratamento ou prevenção plenamente efetivo, estudos mostram que manter a mente ocupada com jogos de raciocínio (como xadrez ou palavra-cruzadas), tocar instrumentos musicais, ter animais de estimação e manter uma socialização ajudam a atrasar o início ou a gravidade do Alzheimer.

Manter-se ativo é bom para você e para aqueles a sua volta. Fica a dica.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Memórias do Miguel Couto

A última vez que utilizei o espaço do blog foi para falar com tristeza sobre a morte de meu professor e mestre, Jorge Decourt. Hoje, no entanto, retorno para falar de algo que me trás muita alegria: minha relação com pacientes da época em que fui médico do Hospital Miguel Couto.

Na atual fase de campanha eleitoral, fico muito satisfeito ao receber diversas mensagens de gratidão. Lá se vão 14 anos desde que saí do Miguel Couto, mas os 13 anos em que atuei lá (cinco como vice-diretor e oito como diretor) continuam me trazendo boas lembranças.

Prova de como o povo brasileiro reconhece um trabalho bem feito é que, mesmo sem centros sociais, sempre tive uma boa receptividade na Rocinha, uma vez que muitos dos filhos da comunidade nasceram sob minha gestão no MC.

Domingo passado, por exemplo, estava fazendo campanha na área com Gabeira, quando fui questionado por uma moradora:

- Lembra de mim?

Respondi que seu rosto não me era estranho, mas não tinha certeza de onde a conhecia. Então ela acrescentou:

- Lembra do dia 11 de maio de 1983?

Confesso que, pego de surpresa, tentei sem sucesso varrer minha memória em busca de lembranças. Ao perceber minha dificuldade, a moradora resolveu me ajudar e perguntou se não era a data da minha posse no Miguel Couto. Era a dica que eu precisava, imediatamente me recordei de sua história!

Naquele dia, o grupo do qual eu fazia parte estava tomando posse da gestão do Miguel Couto. Eu assumia o cargo de vice-diretor quando uma “joaninha” – apelido dos fuscas da policia, que eram as viaturas na época – chegou ao hospital trazendo uma moradora da rocinha.

Saímos do auditório onde acontecia a solenidade e encontramos uma mãe com seu filho recém-nascido no colo. O parto havia ocorrido na viatura e o cordão umbilical ainda estava ligando o bebê à mãe. Cortei pessoalmente o cordão ainda dentro do fusca e encaminhei a criança ao berçário e a mãe à maternidade para terminar o trabalho de parto.

Isso ocorreu há 27 anos, mas ela se diz grata até hoje. Hoje em dia, ela e seu filho são meus eleitores. É o tipo de surpresa que a vida pública trás àqueles que verdadeiramente se dedicam. E é engraçado como esse tipo de reconhecimento parece aflorar ainda mais na época de eleição.

Talvez seja porque as pessoas tendam a se aproximar mais da figura do político nessa época. Pena que não façam mais isso para cobrar de seus eleitos os compromissos que assumem durante as campanhas eleitorais. Penso que se a relação eleitor/mandatário fosse mais próxima, os benefícios para sociedade com certeza seriam maiores.

Fica a dica.

sábado, 4 de setembro de 2010

Ao mestre, nossas homenagens

Como falei ontem no twitter, foi um dia triste. Triste mas resignado, dentro da dialética de que só existe vida porque há a morte e vice-versa. Quem trabalha com saúde entende o que estou dizendo.

Hoje, no meio do corre-corre da campanha eleitoral, estive no crematório do cemitério do Caju rezando em razão da perda do mestre Jorge Decourt. Lá encontrei os sete netos do meu professor. Fiz a sala de parto de todos eles.

O Prof. Jorge Decourt deixa um vazio dentro da memória, pois não está mais aí, tangível. Mas esse vazio é preenchido com as referências que ele deixou e que, até hoje, depois de passados anos e anos do convívio mais intenso, servem de base para decisões em momentos difícies.

Esse sim é o maior legado que as pessoas podem deixar.

Então, dentro do meu papel de pupilo, quero deixar registrado, mesmo que de maneira póstuma, que o mestre cumpriu sua missão e que sempre servirá de referência.