segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Cabral, just like a prayer.

Acostumado a protagonizar os flashs tupiniquis, Cabral, ontem, teve seu dia de papagaio de pirata. Mas isso não importa. O que importa é sair bem na foto.

O governador se mostra um devotado seguidor do ditado “uma imagem fala mais que mil palavras”. Algo que parece bem conveniente para quem não tem muitos argumentos para falar dos números da saúde; educação e segurança (onde, aliás, continua mal explicada a questão dos índices de homicídios...).

A partir desse dogma, ele se mostra incansável: se a foto vai ser boa, ele tá lá. E ontem não foi diferente. Cabral - Strike a pose, Vogue! - ao lado da musa do pop faturando mídia entre um curupapo e um flash.

Na leitura eleitoral, parece que Cabral encontrou a fórmula de como Jesus pode ajudá-lo. Se Garotinho, que tem apoio dos evangélicos, conta com a ajuda do Jesus etéreo, Cabral - Just like a prayer – celebra o Jesus, carioca e mundano, que traz sua Madonna a tiracolo para Sapucaí. Holiday! Celebrate!

E a Madonna, hein?! Essa dá aula de marketing até para o Cabral. E não vai daqui nenhum preconceito ou desconfiança sobre a existência de amor a primeira vista entre pessoas de faixa etária diferente, mas o que seria melhor para promover alguém que se chama Madonna do que arrumar um namorado chamado Jesus?

Pura provocação. E qual o retorno dessa provocação? Mídia, evidentemente.

Mas Madonna – segundo aqueles que entendem de cultura pop e que me ajudaram a fazer as citações desse texto - não depende disso. Ela tem conteúdo.

E com tanta exposição, fica quase impossível não querer tirar uma casquinha. Então, o mestre-sala Cabral, tira sua porta-bandeira para dançar e atravessa a avenida – e o desfile da Imperatriz Leopoldinense - para ser fotografado. Todos queriam clicar a Rainha do Pop, e o nosso governador lá, posando de guarda costas, fazendo a vez de UPP pessoal de Madonna.

Se o Lula está lá, o Cabral também; se a Madonna está aqui, nosso ma-material boy fica juntinho. Esse é o reflexo do governo do Rio. Cabral dá o pé e pede biscoito para assessorias de imprensa e de marketing trabalharem freneticamente. Só faz questão de estar ao lado de quem tem mídia e com essa estratégia tributa o flash de quem quer ser fotografado na cidade maravilhosa.

Pena que essa competência para se expor na mídia não se reflita na gestão do estado.

Ao contrário, o resultado dessa forma de governo está aí: inauguração de estações de metrô (com flashes, é claro) sem planejar o impacto = superlotação de trens; inauguração de UPAs (com banda e queima de fogos) sem melhorias nos hospitais = superlotação de emergências. Um carnaval de flashs e celebridades. Serviços, entretanto, sem qualidade.

2 comentários:

  1. Competência de mídia nem tão competente, Cabral deu uma de Joel Santana: http://migre.me/k7Xa

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  2. Taina,

    Vc tem toda razão. Foi uma cena de pastelão!

    O mais engraçado (eu vi na televisão!) foi a Dilma tentando fugir da entrevista, com cara de vergonha alheia.

    Agora resta esperar o funk!

    Mas é bom lembrar que o assessor - coitado dele! - não pode fazer nada quando o microfone está na boca do político, principalmente ao vivo, e que esse pastelão com certeza vai render uma “zoação” no pânico ou no CQC... se bobear foi de caso pensado e vem mais mídia por aí!

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