sábado, 23 de janeiro de 2010

A chuva de Sexta e o PEU das Vargens.

Quando você é pediatra, se alguém vem falar contigo sobre um assunto muito técnico como o Plano de Estrutura Urbana - PEU, dá vontade de responder: “- E você, sabe calcular um apgar?!”

Na verdade é isso que eu tenho vontade de responder sempre que alguém começa falar um assunto que não domino. Aprendi isso com um velho engenheiro que retrucava sempre que não entendia algo: “ – e por acaso você sabe o que é flambagem negativa?!”. Acho que de alguma forma nos faz sentir menos ignorantes.

Bom, não sei o que é flambagem negativa, mas PEU eu preciso saber. Faz parte do meu trabalho. É, em apertada síntese, onde se define as regras para construção em cada região da cidade. É uma interferência direta da instituição chamada município na vida do cidadão.

E sabe quando o cidadão se dá conta dessa interferência? Só quando fica com água no joelho (sem galocha!) numa enchente ou quando escorrega no sebo da caixa de gordura que estourou por causa da chuva (sexta, quase levei um tombo por causa disso. Nojento!).

Mas o cidadão não poderia se dar conta antes mesmo. Não houve audiência pública; o projeto surgiu não se sabe bem de onde; e foi apreciado em sessão extraordinária, ou seja, foi colocada em votação de uma hora para outra, ao sabor da mesa diretora. O prefeito disse: o filho não é PEU...quer dizer, meu!

Adiantando-me em pedir desculpas pelo trocadilho (às vezes não consigo me controlar), digo que votei contra, mas virou lei. Fui contra principalmente porque acho que é uma questão que merece um estudo profundo para virar lei. Fora isso é uma irresponsabilidade.

Segundo o ‘pai dos burros’, vargem não é comestível. Vargem quer dizer várzea. E o que diz ‘papai’ sobre várzea? É uma planície, um terreno baixo e plano que margeia rios. Quando chove na várzea, a água demora a ir embora, não tem para onde correr.

Tico não precisa enviar sinais tão fortes ao Teco para chegar à conclusão que uma maior interferência do homem naquela área vai potencializar alagamentos que serão muito mais difíceis de secar do que secou o Aterro do Flamengo sexta, por exemplo.

Não precisa de bola de cristal e nem vai demorar. Principalmente se o prefeito continuar gastando só 34% do que orça para evitar esses problemas.

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